Birra, choro, desobediência, bagunça, sujeira, falta de consideração, problemas recorrentes e situações inconvenientes que nunca mudam apesar dos nossos constantes esforços.
Quem é mãe sabe muito bem o que é ser confrontada, em momentos de pura tensão, pelas concomitantes urgências de cuidar dos outros e, ao mesmo tempo, de cuidar de si mesma.
Sem dúvida, há momentos na vida de todos nós em que somos facilmente dominados por nossas emoções, especialmente debaixo das pressões e tarefas cansativas do dia-a-dia. Nessas horas, perdermos a paciência com as pessoas ao nosso redor. Criticamos e nos sentimos indignados com a falta de consideração e exigimos nossos direitos (afinal, ninguém nota o trabalho de dona-de-casa?). Desabafamos e explodimos, e achamos justo fazê-lo da forma que bem queremos (e depois botamos a culpa no cansaço e no dia difícil). Relembramos o marido de tudo que ele já fez de errado (para tentarmos fazer com que ele pelo menos lave a louça). Gritamos com o bebê birrento que não dá trégua nem sossego (afinal, a gente também sabe gritar). Mandamos aquela pessoa que não pára de encher o saco ir catar coquinho (já tá na hora de aprender, né?).
É fácil acharmos que precisamos nos amar mais e que nossas atitudes, portanto, são justificáveis. É gostoso pensar isso. Quem não adoraria ter divina permissão moral para se amar acima dos outros?
No entanto, o amor não é uma emoção, mas a forma com a qual nós guiamos as emoções. É a forma com a qual agimos com elas ou apesar delas, em meio às tribulações que revelariam nitidamente a natureza orgulhosa e egoísta do nosso coração.
Os momentos que mais me testam esse amor são os momentos em que preciso ser lembrada de que não sou o agente de transformação, e, sim, o instrumento. São momentos em que sou lembrada de que eu precisei e preciso ser amada diariamente por Aquele que me salvou. São momentos em que preciso obedecer apesar dos meus primeiros instintos. São momentos de intensa batalha pessoal, pouquíssimos segundos que definem o tom do resto do dia.
Este é o amor. Não é fácil, mas é libertador, pois nos livra da escravidão do "amor" próprio e nos chama a carregarmos o fardo suave que Cristo nos dá (Mt 11.29-30).
Portanto, pela graça de Deus, seremos assim mais pacientes quando tivermos que passar meia hora descendo as escadas com um bebê que insiste em descer feito gente grande. Seremos assim menos proclamadoras dos nossos direitos de descansar quando o marido exausto pedir ao final do dia que lhe esquente um prato de jantar. Seremos mais compreensivas no momento da disciplina dos filhos, deixando de lado qualquer prejuízo efêmero e considerando suas limitações físicas e os motivos dos seus corações. Escolheremos palavras para abençoar, não para desabafar, na hora de confrontar um amigo com problemas recorrentes. E experimentaremos assim algo que vai muito além do prazer aguado que o "amor" próprio nos promete.
"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." [1Co 13.4-6]
Nenhum comentário:
Postar um comentário